Um agressor reincidente, chamado Gabriel Santos Brandão, 32 anos já conhecido por episódios anteriores de violência doméstica, foi preso em flagrante na madrugada desta segunda-feira (29) após cometer um ato de extrema crueldade: ateou fogo na própria companheira, de 26 anos, diante da filha do casal, de apenas dois anos de idade, no bairro Jardim Nova República, em Cubatão. O crime, enquadrado como tentativa de feminicídio, não foi um fato isolado, mas o desfecho de um histórico de agressões ignoradas, que culminou em queimaduras graves em cerca de 45% do corpo da vítima, hoje internada em estado grave.
De acordo com a Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Cubatão, a agressão ocorreu após uma discussão motivada por ciúmes. Em meio ao conflito, o agressor tomou um frasco contendo álcool, despejou o líquido sobre a vítima e ateou fogo com um fósforo, provocando queimaduras de segundo e terceiro graus. A jovem permanece sedada e dependente de ventilação mecânica no Pronto-Socorro Central de Cubatão, conforme boletim médico oficial.
Enquanto a vítima era consumida pelas chamas, uma testemunha tentou conter o fogo utilizando água, sendo auxiliada por um vizinho que conseguiu socorrê-la e levá-la imediatamente ao hospital. A criança, filha do casal, presenciou toda a cena, ampliando a gravidade do episódio sob os aspectos humano, psicológico e social.
Horas depois, o agressor compareceu à delegacia acompanhado de uma testemunha, tentando justificar sua conduta. No entanto, depoimentos, relatório médico e vestígios encontrados no local confirmaram a materialidade do crime, levando à lavratura do auto de prisão em flagrante e ao pedido de conversão da prisão em preventiva, para garantir que ele permaneça à disposição da Justiça.
Áudio exclusivo aponta violência contra a propria mãe
O Cubatão Notícias teve acesso exclusivo a um áudio no qual uma parente próxima do acusado afirma que ele já havia praticado atos de violência na residência da própria mãe, conforme descrito ao longo desta reportagem. No relato, a familiar menciona episódios de agressividade extrema, com quebra de objetos, xingamentos e intimidação, que teriam causado medo e levado a família a procurar a polícia e solicitar medidas protetivas.
Segundo a parente, os fatos ocorreram durante o período do Natal e reforçam que o comportamento violento do agressor era conhecido no ambiente familiar, não se tratando de um ato isolado ou imprevisível.
Violência previsível e falhas na prevenção
Casos de tentativa de feminicídio costumam ser precedidos por sinais claros de escalada da violência, como agressões verbais, explosões de raiva e episódios anteriores de intimidação. A inexistência ou a interrupção tardia de medidas eficazes de proteção permite que situações de risco evoluam para crimes extremos, como o registrado em Cubatão.
É fundamental destacar que a responsabilidade pelo crime é exclusiva do agressor. Ainda assim, o caso evidencia a necessidade de reforço nas estratégias de prevenção, no acompanhamento de indivíduos reincidentes e na proteção integral das vítimas — incluindo crianças expostas à violência doméstica.
Investigação segue em andamento
A vítima permanece internada em estado grave, com novos exames laboratoriais em andamento. O agressor segue preso e à disposição da Justiça. O caso continua sendo investigado pela Polícia Civil.







