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Alvos de megaoperação do PCC são donos de 33 postos de combustíveis na Baixada Santista; dois ficam em Cubatão

Uma investigação de grandes proporções revelou uma ampla rede de lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC) envolvendo 251 postos de combustíveis em quatro estados do país, sendo 33 deles localizados na Baixada Santista, incluindo Santos, Guarujá, Praia Grande, São Vicente, Mongaguá e Cubatão.

A apuração faz parte da Operação Carbono Oculto, considerada a maior ofensiva já realizada contra o braço financeiro do PCC, deflagrada em agosto deste ano. A operação, conduzida pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de São Paulo, teve como alvo mais de 350 pessoas e empresas suspeitas de ajudar o grupo criminoso a ocultar o dinheiro obtido com atividades ilícitas.


O rastro do dinheiro sujo

O levantamento, feito pelo g1 com base em registros da Agência Nacional do Petróleo (ANP), revelou que 15 alvos centrais da operação aparecem como sócios de centenas de postos de combustíveis em diferentes estados.
A maior concentração está em São Paulo, com 233 estabelecimentos, seguida de Goiás (15), Paraná (2) e Minas Gerais (1).

Na Baixada Santista, foram identificados 12 postos em Santos, 9 em Praia Grande, 6 em Guarujá, 3 em São Vicente, 2 em Cubatão e 1 em Mongaguá.
Entre as distribuidoras associadas aos estabelecimentos estão Ipiranga, Rodoil e BR Petrobras, mas nenhuma delas é alvo direto da operação.


Cubatão e o elo local

Em Cubatão, dois postos aparecem vinculados aos nomes de Himad Abdallah Mourad e Tharek Majide Bannout, empresários citados na decisão judicial como integrantes de um esquema de lavagem de capitais operado pelo grupo de Mohamad Hussein Mourad, apontado como o principal operador financeiro do PCC.

As investigações indicam que os empreendimentos da região podem ter sido utilizados para ocultar recursos ilícitos sob fachada de atividades comerciais regulares.
O Ministério Público de São Paulo mantém sigilo sobre os endereços exatos e sobre quais estabelecimentos seguem sob investigação ativa.


Quem são os donos dos postos na Baixada Santista

Segundo os dados cruzados entre a Operação Carbono Oculto e a ANP, os principais empresários investigados com negócios na região são:

  • Bruno Sato Alves Pereira – 10 postos

  • Pedro Furtado Gouveia Neto – 10 postos

  • Luiz Ernesto Franco Monegatto – 4 postos

  • Guilherme da Silva Oliveira – 3 postos

  • Luiz Felipe do Valle Silva do Quental de Menezes – 3 postos

  • Himad Abdallah Mourad – 1 posto

  • Gabriel Cepeda Gonçalves – 1 posto

  • Tharek Majide Bannout – 1 posto


O império da gasolina suja

Os investigadores acreditam que postos de combustíveis e lojas de conveniência eram utilizados pelo grupo para lavar milhões de reais provenientes de atividades ilegais, como tráfico, contrabando e corrupção.
Segundo a Receita Federal, mais de mil estabelecimentos chegaram a ser usados nesse esquema em todo o país.

A Justiça descreve o grupo de Mohamad Hussein Mourad como um complexo empresarial paralelo, formado por familiares, laranjas e empresas de fachada.
Os alvos movimentavam valores milionários por meio de aquisições, fusões e contratos fictícios com distribuidoras legítimas.


O que dizem as distribuidoras

A Ipiranga declarou que “não compactua com práticas ilícitas” e que apoia o combate ao mercado ilegal de combustíveis. A empresa afirmou ainda ter solicitado acesso aos inquéritos para colaborar com as investigações.

A Rodoil informou que desde março de 2025 já realizava monitoramento e identificou inconsistências em alguns postos, rompendo contratos e retirando a marca das unidades envolvidas.

A Vibra Energia, responsável pela marca BR Petrobras, afirmou manter rigorosos padrões de compliance e auditoria e destacou que, em caso de irregularidades confirmadas, os revendedores serão imediatamente desligados da rede.


O núcleo central do esquema

Entre os principais nomes apontados pela Justiça estão empresários que, segundo a investigação, atuavam como operadores financeiros e “testas de ferro” do PCC.
Alguns deles movimentavam dezenas de postos sob contratos cruzados com diferentes distribuidoras, dificultando o rastreamento da origem do capital.

Os destaques são Pedro Furtado Gouveia Neto, com 56 postos; Luiz Felipe de Quental de Menezes, com 49; Guilherme da Silva Oliveira, com 38; e Bruno Sato Alves Pereira, também com 38 unidades.
Todos aparecem vinculados a empresas já citadas em investigações anteriores, como a Rede Boxter e a Altinvest, que teriam servido de fachada para operações financeiras suspeitas.


As defesas

Entre os 15 principais alvos, oito aceitaram se manifestar à imprensa.
A maioria nega qualquer envolvimento com o crime organizado e afirma que os negócios são legítimos e devidamente registrados.
Alguns empresários alegam que foram incluídos nas investigações por equívoco, em razão da compra de redes já existentes ou de vínculos societários anteriores.

O empresário Tharek Majide Bannout classificou como “leviana” a tentativa de associar seu nome ao PCC e afirmou que todas as suas aquisições serão comprovadas dentro da legalidade.


Sigilo e continuidade das investigações

O Ministério Público de São Paulo mantém o sigilo das investigações, enquanto a Receita Federal confirmou que o esquema pode ter movimentado bilhões de reais em fraudes e lavagem de dinheiro.

A Operação Carbono Oculto continua em andamento, e novos desdobramentos devem ocorrer nas próximas semanas.
Fontes ligadas ao caso informam que a apuração ainda busca identificar postos de fachada e empresas de transporte que possam ter servido de elo entre os operadores financeiros e as células criminosas do PCC.

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