Um grupo de turistas brasileiros sobreviveu a um naufrágio após o catamarã em que se hospedavam — uma embarcação de dois cascos — pegar fogo nas Ilhas de San Blas, na costa caribenha do Panamá. Conforme relato ao g1, duas pessoas conseguiram embarcar em um bote salva-vidas, enquanto as outras duas precisaram se lançar no mar, conhecido pela presença de tubarões.
O capitão e o auxiliar do catamarã “Terra” também estavam a bordo quando o incêndio começou, no último sábado (6). Inicialmente, eles se recusaram a entrar no bote para tentar salvar alguns pertences. Porém, não conseguiram resgatar nada e acabaram sendo socorridos depois, já com queimaduras.
Uma das passageiras era a empreendedora Carolina Pereira Topfstedt, de 32 anos.
“Na hora, é uma mistura de sentimentos. Só conseguia pensar no meu passaporte e em como voltaria para casa. Foi a pior sensação que já tive na vida. Não desejo isso para ninguém”, contou a moradora de Santos, no litoral de São Paulo.
Como tudo aconteceu
Carolina relatou que chegou ao catamarã na sexta-feira (5), acompanhada de três amigos. “Era a viagem dos sonhos. A hospedagem no catamarã foi melhor que muito hotel cinco estrelas […], mas infelizmente aconteceu essa tragédia”, lamentou.
Por volta de 12h40 do sábado, Carolina e uma amiga filmavam os tubarões que nadavam ao redor da embarcação quando o capitão ouviu um estalo na cabine e chamou o ajudante. Nesse momento, os turistas perceberam a fumaça e um dos brasileiros pegou um extintor para tentar controlar o fogo.
A fumaça aumentava rapidamente e o extintor se esgotou. “Eu só vi a expressão de desespero do capitão e uma labareda enorme atrás dele. Foi aí que entendi que precisava sair dali imediatamente. Pulei no bote e chamei meus amigos”, relatou Carolina.
Segundo ela, o amigo que estava com o extintor também entrou no bote e o desamarrou do catamarã. Já a amiga, em pânico, se jogou no mar, e o marido dela pulou em seguida para ajudar. Mesmo com a presença de tubarões, o casal conseguiu alcançar o bote, e os quatro começaram a remar para se afastar da embarcação em chamas.
Outro barco auxiliou no resgate, levando os brasileiros até a ilha mais próxima e retornando depois para buscar o capitão e o ajudante. “O capitão perdeu tudo o que tinha, porque aquele barco era a casa dele”, afirmou Carolina, que tem divulgado nas redes sociais uma campanha para ajudá-lo.
Retorno ao Brasil
Carolina e um dos amigos conseguiram salvar os celulares que estavam com eles na hora do incêndio; o casal resgatou apenas uma câmera. Todos abandonaram o catamarã vestindo apenas biquíni ou sunga.
A empreendedora contou que o cacique de San Blas acompanhou o grupo até o registro do boletim de ocorrência e depois os levou à sede do governo local. Lá, eles receberam comida, roupas, água para banho e um lugar para dormir.
No dia seguinte, domingo (7), o cacique pediu para que um motorista levasse as vítimas até a Cidade do Panamá. Ele também entrou em contato com o Consulado do Brasil para viabilizar a emissão de novos documentos e autorização para que deixassem o país mesmo sem os passaportes originais.
O plano inicial dos amigos era deixar o catamarã na manhã de domingo (7), seguir para a Cidade do Panamá e depois passar seis dias em Bocas del Toro, retornando ao Brasil somente no dia 14. No entanto, a documentação emergencial emitida permitia a permanência no país apenas até quinta-feira (11).
“Resolvemos comprar as passagens mais próximas possíveis, na madrugada de segunda-feira (8), porque estávamos em choque, traumatizados, sem roupas e sem nossos remédios”, explicou Carolina. “No aeroporto, dava para ver pelo nosso semblante o que tínhamos passado. Algumas pessoas nos ajudaram, emprestando blusas para não passarmos frio durante o voo”, completou.







