Cubatão, uma cidade que nas décadas de 1970 e 1980 era conhecida como o “Vale da Morte” devido aos altos níveis de poluição, está entre as três cidades do estado de São Paulo que apresentam uma boa qualidade do ar neste sábado (14/9), segundo a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb). Além de Cubatão, Santos e São Sebastião também aparecem na lista com bons índices de ar.
A Cetesb utiliza o Índice de Qualidade do Ar (IQA) para monitorar as condições atmosféricas. Cubatão registrou um IQA de 39, enquanto Santos e São Sebastião marcaram 36 e 33, respectivamente, valores que estão dentro da faixa considerada boa, de 0 a 40. Em comparação, a região metropolitana de São Paulo apresentou um índice de 125, categorizado como muito ruim, devido à alta concentração de poluentes, especialmente o material particulado fino (MP2,5), comum em áreas de grande queima de combustíveis fósseis e vegetação.
A transformação ambiental de Cubatão
Cubatão já foi considerada uma das cidades mais poluídas do mundo pela Organização das Nações Unidas (ONU). Nas décadas de 70 e 80, a cidade era um importante polo industrial, com atividades químicas e siderúrgicas que impactaram gravemente o meio ambiente. A poluição causou sérios problemas de saúde à população, incluindo o nascimento de bebês com anencefalia e um elevado número de mortes por doenças respiratórias. Além disso, os rios e manguezais da região foram severamente afetados.
Em 1984, Cubatão foi cenário de uma das maiores tragédias ambientais do Brasil: o incêndio da Vila Socó. Uma tubulação de combustível se rompeu, provocando um incêndio que matou 93 pessoas. O incidente marcou a cidade e foi um divisor de águas para o início de um processo intenso de recuperação ambiental.
Saiba mais sobre a tragédia aqui:
Na segunda metade dos anos 80, medidas rigorosas foram tomadas para reduzir os níveis de poluição, como a instalação de filtros nas indústrias, o tratamento de efluentes e programas de reflorestamento. Essas iniciativas possibilitaram a recuperação de 98% da qualidade do ar na cidade. Em 1992, durante a Eco-92 no Rio de Janeiro, a ONU reconheceu Cubatão como um exemplo de recuperação ambiental.
Hoje, a cidade serve como um marco da transformação ambiental, demonstrando que é possível reverter a degradação por meio de esforços conjuntos entre o setor público, a iniciativa privada e a sociedade.