Uma megaoperação envolvendo a Polícia Militar, o Ministério Público e a Secretaria da Fazenda de São Paulo resultou, nesta quinta-feira (25), no cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão na capital, Grande São Paulo, Baixada Santista e Vale do Paraíba. A ação, batizada de Operação Spare, revelou um esquema de lavagem de dinheiro que utilizava postos de combustíveis, motéis e até uma fintech para movimentar valores ilícitos.
De acordo com a investigação, os envolvidos movimentaram bilhões de reais de forma irregular. Só os autos de infração já ultrapassam R$ 7 bilhões, além de mais de R$ 500 milhões em dívidas com o Estado. A Receita Federal também identificou movimentação suspeita: entre 2020 e 2024, postos ligados ao grupo circularam cerca de R$ 4,5 bilhões, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em impostos – o equivalente a 0,1% do que deveria ser pago.
Máquinas de cartão encontradas em estabelecimentos de jogos clandestinos em Santos estavam conectadas a postos investigados, e o dinheiro passava por uma fintech para dificultar o rastreamento. Segundo os levantamentos, um único prestador de serviço controlava cerca de 400 postos, sendo metade diretamente relacionada ao principal alvo e seus associados. Além do ramo de combustíveis, os investigados atuavam em franquias, construção civil e rede de motéis.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, destacou que o trabalho de inteligência foi essencial para identificar o uso de empresas como fachada para ocultar recursos oriundos do tráfico.
A operação desta quinta-feira tem ligação com a Operação Carbono Oculto, realizada em agosto, que desmantelou outro braço criminoso no setor de combustíveis, envolvendo integrantes do PCC. O nome “Spare” faz referência ao boliche: quando o jogador derruba todos os pinos em duas jogadas. Assim, a Carbono Oculto seria o “primeiro arremesso” e a ação desta semana, o “segundo”, completando o alvo.
