Jornalista Rafael Motta divulgou número distorcido; repercussão gerada pelo Cubatão Notícias pode ter contribuído para retratação.
O jornal A Tribuna reconheceu um erro grave após a grande repercussão gerada por uma matéria publicada pelo portal Cubatão Notícias, que deu publicidade aos números apresentados inicialmente de forma equivocada pelo jornalista Rafael Motta. A informação incorreta dizia que 40% das moradias da Vila Esperança, em Cubatão, estariam sob controle do crime organizado — um dado que acabou sendo mal interpretado e gerou revolta entre os moradores da comunidade.
A matéria de Rafael Motta baseou-se em uma fala da promotora de Justiça Flávia Maria Gonçalves, do Ministério Público Estadual (MPSP), mas falhou ao contextualizar os números. Os 40% mencionados referiam-se apenas a uma parte da comunidade — especificamente às 1.757 moradias da franja da futura Avenida Perimetral, onde se concentram ocupações mais precárias. Nessa região, cerca de 700 imóveis apresentaram ausência de vínculos com serviços públicos, o que levantou suspeitas quanto ao possível controle por organizações criminosas.
No entanto, a Vila Esperança possui 8.801 edificações, segundo diagnóstico socioeconômico contratado pela Prefeitura de Cubatão. Dessa forma, os cerca de 700 barracos sob suspeita representam apenas 8% do total, e não os 40% amplamente divulgados.
A publicação inicial de A Tribuna gerou imediata repercussão após ser compartilhada pelo Cubatão Notícias, veículo com grande alcance e credibilidade na cidade. A ampla exposição dada à matéria fez com que moradores expressassem forte indignação, criticando a forma como a comunidade foi estigmatizada e generalizada como “controlada pelo crime”.
A pressão popular, amplificada pela visibilidade do Cubatão Notícias, levou o jornal A Tribuna a publicar uma retratação oficial em 15 de maio de 2025, reconhecendo o equívoco na interpretação dos dados e esclarecendo que a informação correta se restringia a uma área específica da comunidade.
A atuação responsável do Cubatão Notícias foi decisiva para trazer à luz os dados corretos, promover o debate público qualificado e assegurar o respeito à dignidade dos moradores da Vila Esperança.